Corrida de Trilha e cuidados com o tornozelo

A corrida de trilha tem se popularizado nos últimos anos, o contato com a natureza e a sensação de liberdade são o que mais atrai nesse esporte.
Quantas vezes você já torceu o tornozelo em uma corrida, deu alguns passos esperando e rezando para que a dor alivie para retornar ao seu treinamento.
Isso ocorre com muitos atletas que correm principalmente em trilhas ou superfícies irregulares, ou até mesmo no asfalto ao pisar em pedras e outros objetos.
A articulação do tornozelo é uma estrutura anatômica complexa, ela permite o movimento em várias amplitudes, isso possibilita uma adequação em vários terrenos irregulares, porém torna uma articulação muito vulnerável a entorses.
A desvantagem da mobilidade e versatilidade da articulação do tornozelo é que se torna mais vulnerável a lesões dependendo da maneira de aterrissar no solo. Um contato inadequado pode causar uma entorse, danificando ligamentos (laterais mais acometidos pelo movimento de inversão).

Entorse tornozelo

Se você suspeita de uma entorse no seu tornozelo, a prioridade é garantir que você não tenha uma lesão no tendão ou uma fratura associada.( um médico deve ser consulado para elucidar a suspeita).

As entorses dos tornozelos ocorrem após um impacto repentino, aterrissagem ou torção do tornozelo. Você pode ouvir um estalo seguido de uma dor aguda.

As entorses de tornozelo causam um edema importante (inchaço – a articulação estará visivelmente com edema logo após de sofrer a lesão). Muitas vezes seguida de uma dor latejante no tornozelo, mesmo quando não se coloca carga sobre o pé e uma dor aguda ao movimentar o tornozelo e tentar movimentar.

O que acontece após um entorse de tornozelo?

Em muitos casos o atleta de corrida sofre uma entorse, realiza os primeiros procedimentos que são: gelo e compressão, mas após obter uma resposta positiva no edema começa retornar aos treinos. Nestes casos há um risco maior de ter entorses recorrentes e esse quadro evoluir para uma instabilidade crônica do tornozelo, o retorno sem o tratamento adequado respeitando todas as fases pode gerar um dano na cartilagem por essa instabilidade.

Como proceder

Crioterapia

Quando se trata de gelo, um estudo de 2006 publicado na British Journal of Sports Medicine sugere que um protocolo de gelo “intermitente” consistindo de 10 minutos de gelo, 10 minutos de repouso e mais 10 minutos de gelo produzirá reduções mais rápidas na dor e no edema no tornozelo quando comparado aos 20 minutos de gelo contínuo.

O tornozelo deve ser imobilizado?

Um artigo de revisão de 2007 de Morgan Jones e Annunziato Amendola evidenciou que iniciar exercícios de reabilitação, logo que tolerado, leva a um retorno mais rápido ao esporte e a uma menor taxa de rejeição quando comparado a longos períodos de imobilização, com bracing ou utilização de muletas antes de iniciar o trabalho de reabilitação.

Fases da reabilitação do tornozelo

A reabilitação das lesões no tornozelo deve ser estruturada e individualizada. Esse estudo propõe:

Na fase aguda, o foco deve ser o controle da inflamação, principalmente do edema restabelecendo a amplitude de movimento total .

Assim que a amplitude de movimento livre de dor e o atleta consiga descarregar o peso sobre o pé, os exercícios de treinamento de equilíbrio devem ser incorporados para normalizar o controle neuromuscular.

Mobilidade dorsiflexão

 

As atividades de reabilitação de fase avançada devem se concentrar em recuperar a função normal, realizando exercícios específicos para aqueles que serão realizados durante o esporte. Embora seja necessário um modelo básico para a reabilitação das lesões no tornozelo, o atleta e o fisioterapeuta devem lembrar que os indivíduos respondem de forma diferente aos exercícios. Portanto, cada programa precisa ser modificado para atender às necessidades do indivíduo, sendo de vital importância uma avaliação individualizada e uma orientação de um fisioterapeuta para um retorno seguro ao esporte.

Referências

McKay, G. D.; Goldie, P.; Payne, W. R.; Oakes, B., Ankle injuries in basketball: injury rate and risk factors. British Journal of Sports Medicine 2001, 35 (2), 103-108.
Hintermann, B.; Boss, A.; Schäfer, D., Arthroscopic findings in patients with chronic ankle instability. The American Journal of Sports Medicine 2002, 30 (3), 402-409.
Hocutt Jr, J. E.; Jaffe, R.; Rylander, C. R.; Beebe, J. K., Cryotherapy in ankle sprains. American Journal of Sports Medicine 1982, 10 (5), 316-319.
Coté, D. J.; Prentice, W. E.; Hooker, D. N.; Shields, E. W., Comparison of three treatment procedures for minimizing ankle sprain swelling. Physical Therapy 1988, 68 (7), 1072-1076.
Bleakley, C. M.; McDonough, S. M.; MacAuley, D. C., Cryotherapy for acute ankle sprains: a randomised controlled study of two different icing protocols. British Journal of Sports Medicine 2006, 40, 700-705.

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