Retorno ao esporte após lesão: O fator psicológico pode influenciar?

Lesões e dores entre os corredores são comuns em todos os níveis de experiência e competição. Por conta disso, os formas de tratamento e retorno ao esporte após lesão crescem e se aprimoram a cada dia.

Acredita-se que as causas da maioria das dores e lesões na corrida sejam fatores físicos relacionados às cargas de treinamento, flexibilidade / equilíbrio muscular e biomecânica estão entre os mais citados. A maioria das pesquisas que examinaram lesões relacionadas à corrida se concentrou em um ou em uma combinação desses fatores.

Apesar de um crescente número de estudos científicos sobre lesões na corrida, pode-se argumentar que as pesquisas até o momento são tendenciosas para um modelo mais baseado em biomecânica. Mas todos sabemos que as lesões são multifatoriais e principalmente quando falamos de dor nem sempre dor está relacionado a algum dano estrutural.

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Os primeiros modelos e crenças sobre a dor sugeriram que a dor é gerada por lesão ou dano aos tecidos do corpo (por exemplo, músculo, ligamento, tendão, osso). Por exemplo, quando você torce o tornozelo, um “sinal de dor” é gerado pelo dano tecidual ao ligamento e isso resulta em dor.

Como o fator psicológico pode influenciar no retorno ao esporte após lesão?

Um dos medos dos atletas de todas as modalidades e principalmente corredores são as lesões, os aspectos físicos e estruturais são muito pesquisados. Mas será que o aspecto psicológico pode auxiliar o atleta a retornar mais rápido após uma lesão?

Uma revisão sistemática de 2013 correlaciona o aspecto psicológico com as lesões e as conclusões foram:

– Atletas que tiveram uma resposta psicológica mais positiva à lesão e durante a recuperação têm mais chances de retornar ao esporte no nível anterior à lesão.

-O tempo de recuperação foi menor nos atletas com respostas mais positivas.

O papel do profissional de saúde será identificar fatores relacionados ao medo do atleta e criar estratégias de construção de confiança para auxiliar no retorno ao esporte após lesão mais rápido e sem medo, reduzindo as recidivas das lesões.

O modelo Biopsicossocial engloba os aspectos emocionais e psicológicos relacionados às lesões. Além da questão relacionada à estrutura lesionada e o tempo de recuperação estimado, o profissional da saúde poderá potencializar seus resultados com auxílio de outros profissionais utilizando esse modelo para os atletas retornarem com sucesso ao seu esporte.

Fatores que influenciam dores no corredor

Os fatores que contribuem para as lesões são estilo de vida, sono, dieta, preparação física.
Fatores cognitivos (crenças pessoais sobre a lesão, o que o corredor foi informado / aconselhado por outros corredores).

Fatores psicológicos (como preocupação, ansiedade, medo, estresse, eventos da vida e depressão em relação à lesão / dor e no cotidiano).
Fatores individuais (como experiências anteriores, lesões anteriores e estilos de enfrentamento).
Todos os itens acima têm capacidade de influenciar a dor em vários níveis (Simons et al. 2014).

A sensibilidade de nossos “sensores de perigo” e de nosso sistema nervoso em geral muda com base nesses fatores, independentemente de haver algum dano ou lesão na estrutira com tendão, músculo,ligamento.

Além disso, quando mensagens de perigo são enviadas aos tecidos, todos os fatores acima podem mudar a maneira como o cérebro “interpreta” essas mensagens de perigo.

A avaliação e o gerenciamento de fatores físicos, como carga de treinamento, biomecânica, força e condicionamento etc, ainda são importantes. As lesões na corrida precisam de mais avaliações multidimensionais, considerando o aspecto psicológico enfatizado no modelo Biopsicossocial e multifatorial das lesões.

Referência : Clare L Ardern, Nicholas F Taylor, Julian A Feller, et al. A systematic review of the psychological factors associated with returning to sport following injury. Br J Sports Med 2013

Simons, L. E., Elman, I., & Borsook, D. (2014). Psychological processing in chronic pain: a neural systems approach. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 39, 61-78.

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